Paralelamente
à doutrina da reencarnação segue-se a doutrina do carma que, nas palavras de
Kardec, explica essa doutrina dizendo que toda a falta cometida, todo o mal
praticado, é uma dívida contraída que deverá ser paga pelo próprio homem
através do arrependimento, expiação (que é o sofrimento) e reparação (que são
as boas obras). Assim, as condições para alguém se tornar um espírito puro são
três:
Arrependimento,
expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para
apagar os traços de uma falta e suas conseqüências (“O Céu e o Inferno”, p. 747.
Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).
Resposta
Apologética:
1.
Arrependimento
Quanto ao
arrependimento, a Bíblia afirma que o ladrão na cruz se arrependeu e ouviu de
Jesus a promessa de que naquele mesmo dia estaria com Ele no paraíso: Senhor, lembra-te de mim quando
entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no Paraíso (Lc
23.42-43). Jesus, por sua vez, estabeleceu: se não vos arrependerdes, todos de igual modo
perecereis (Lc
13.3).
2. Expiação
Então,
segundo Kardec, esta vida é uma expiação. O que sofremos é justo; foi merecido
por nós, ainda que seja noutras encarnações. Muito bem. Então, quando um homem
mau persegue o seu semelhante; quando alguém furta; quando o capanga mata; é
sempre instrumento de justiça divina. Deus não pode deixar exceder o que a
pessoa mereceu; pois que, se o sofrimento passasse o mal cometido, Deus seria
injusto; faria diferença entre as suas criaturas inteligentes. Segue-se que, se
matarmos, se torturarmos ao próximo, não fazemos nada de mal. É apenas o que
ele mereceu noutras encarnações! Sim, pelos dizeres dos espíritas, Deus não
pode permitir a injustiça; Deus não pode permitir a desigualdade do mundo. Se o
permite, é porque foi merecida. E daí? Daí que resulta que não há mal nenhum em
matar; que é uma boa obra o furtar; que há merecimento em martirizar os outros…
e não é só isso: deduz-se que se está fazendo um bem quando todo mundo pensa
que se está a fazer mal aos outros.
Quando um
amigo atraiçoa outro, rouba-o, deixa-o na miséria – devia ser abraçado por este
com lágrimas de gratidão. Não lhe podia fazer um bem maior.
E depois,
ele já tinha mesmo de passar por essa… Estava escrito… Ele o tinha merecido na
encarnação anterior. Logo, espíritas, pelas suas doutrinas, podemos e devemos
praticar o mal. Quanto mais mal fizermos aos outros, maior será o benefício que
eles recebem. Quanto mais pagar das suas culpas, tanto mais nos agradecerá.
Pela
doutrina bíblica, fazendo mal aos outros, expomo-nos a fazer sofrer um
inocente. Pela doutrina espírita, só fazemos sofrer a quem mereceu.
3. Reparação
Quanto a
esta última, o espiritismo adotou o slogan: Fora da Caridade não há Salvação.
Meus
filhos, na máxima, Fora da Caridade Não Há Salvação, estão contidos os destinos
dos homens na terra como nos céus (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, p. 631, Ibidem).
Muitos
querem identificar a caridade cristã com a filantropia. Na realidade são duas
coisas distintas. Em 1 Coríntios, 13.3, Paulo afirma que alguém pode dar seu
corpo para ser queimado e todos os seus bens aos pobres e ainda não ter
caridade. Se não é caridade cristã, então o que é? Seria, a verdadeira
filantropia. Filantropia e caridade podem apresentar um aspecto externo exatamente
igual e, no entanto, haver diferença fundamental entre ambas. Dizemos, à luz da
Bíblia, que a razão da nossa existência consiste em glorificarmos a Deus: Assim resplandeça a vossa luz diante
dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que
está nos céus (Mt
5.16). Digno és,
Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas,
e por tua vontade são e foram criadas (Ap 4.11). Logo, o primeiro mandamento, em importância, é o
amar a Deus sobre todas as coisas (Mt 22.37-39). E afirmamos que existe uma
conexão entre a caridade cristã e o amor a Deus. Os dois chegam mesmo a
identificar-se, pois em Mateus 25.40 Jesus declara: E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em
verdade vos digo que quando o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim
o fizestes. Aí está
a significação da caridade. O cristão ama a Deus no próximo. Foi assim que se
deu com Zaqueu (Lc 19.1-10). Ao receber Jesus em casa, logo nasceu a
preocupação pelos menos favorecidos e se pronunciou espontaneamente: E, levantando-se Zaqueu, disse ao
Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa
tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado (Lc 19.8).
As boas
obras nunca salvaram e nunca ajudaram a salvar. Paulo afirma em Efésios 2.8-10: Porque pela graça
sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das
obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua; criados em Cristo
Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Somos criados para as boas obras e
não pelas obras e é por meio da fé que somos salvos. As boas obras são o
resultado da nossa fé em Cristo. Paulo, em 2 Coríntios 5.17, declara que nos
tornamos novas criaturas, abandonando as práticas más e nos voltamos para a
prática do bem, desde que estejamos em Cristo Jesus. Logo, as boas obras devem
ser apenas a manifestação externa do interno amor que temos a Deus.
4. Perguntas
que fazem os espíritas:
Por que uns
nascem com saúde e outros doentes e aleijados?
a) Pai
sifilítico gera filho sifilítico. A TV apresentou uma reportagem a respeito de
oito mil crianças nascidas aleijadas e defeituosas, porque suas mães em estado
de gravidez tomaram o famoso psicotrópico Talidomida. Este é o fato inconcusso
absoluto. O resto não passa de pura fantasia dos adeptos da reencarnação.
b) Por que
alguns nascem ricos e outros na mais extrema miséria?
Dizem os
reencarnacionistas que os ricos são espíritos adiantados e os pobres, espíritos
atrasados.
Ora, se
assim fosse, Cristo deveria ser um espírito muito atrasado, pois morreu pobre,
crucificado entre dois ladrões e miseravelmente caluniado.
Pelo que
sofreu deveria ter cometido hediondos crimes na vida passada. Ocorre que Kardec
ensina que a pessoa não tem lembrança alguma dos fatos da vida anterior.
Castigar sem
que o réu saiba por que parece brutalidade e não satisfaz nem o nosso próprio
sentimento de justiça humana, quanto mais o da justiça divina. Um Hitler fica
livre de seus crimes, porque uma menina nascida no Brasil é a reencarnação de
Hitler e vai sofrer no lugar dele. Mesmo sem saber porque está acometida de uma
doença grave, por exemplo, leucemia. Morre sem saber dos seus crimes numa
existência anterior quando vivia como Hitler.
É lógico?
Kardec afirma mais que: a reencarnação se enquadra melhor com a justiça ao dizer que é única que
corresponde à idéia da justiça de Deus… (“O Livro dos Espíritos”, p. 84. Editora Opus Ltda., 2ª
edição especial, 1985).
c) Qual o
estado da alma, originalmente?
São
criadas simples e ignorantes as almas, quer dizer, sem cultura e sem
reconhecerem o bem e o mal (“O Livro dos Espíritos”, p. 324. editora Opus Ltda; 2a
edição especial, 1985).
Façamos
então uma comparação entre os homens e os animais. Afirma Kardec que os animais
tiraram o seu princípio inteligente do elemento universal inteligente,
igualmente como o que aconteceu com o homem. Posto isto, os animais possuem uma
inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, inclusive passando pela
erraticidade como o homem, sujeito a uma lei progressiva. Mas, por fim, fica o
animal no mesmo nível de que o homem, admitindo-se o princípio de justiça de
que cada qual faz por merecer? Não! Os homens sempre se colocam num nível
superior aos olhos dos animais, para quem os homens são deuses, permanecendo
assim os animais num estado de inferioridade. Logo, Deus criou seres
intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, que, parece, contraria o
princípio de justiça divina a que se refere Allan Kardec para justificar a
reencarnação.
De
onde tiram os animais o princípio que constitui a espécie particular de alma de
que são dotados?
Do
elemento inteligente universal.
Tendo
os animais uma inteligência que lhes dá certa liberdade de ação, haverá neles
algum princípio independente da matéria?
Sim, e
que sobrevive ao corpo.
Sobrevivendo
à morte do corpo, a alma o animal fica errante, como a do homem?
Há uma
como erraticidade, e vez que não se acha unida a um corpo…
Os
animais estão sujeitos, como o homem a uma lei progressiva?
Sim, e
daí vem que nos mundos superiores, onde os homens são mais adiantados, os
animais também o são, dispondo de meios mais amplos de comunicação. São sempre,
porém, inferiores ao homem e se lhe acham submetidos, tendo neles o homem
servidores inteligentes
(O Livro dos
Espíritos, p. 167, Editora Opus Ltda., 2º edição especial, 1985).
Por que é
que uns nascem inteligentes e outros medíocres?
Como acontece
com os animais, os vegetais e também a parte somática do indivíduo em que não
há nada absolutamente igual, assim também acontece com a inteligência do homem.
Já viram porventura uma impressão digital igual à outra? De maneira nenhuma.
Assim também acontece com a inteligência, faculdade da alma. Temos ainda a
palavra de um médium espírita:
Anatole
Barthe refuta assim as desigualdades humanas: Para desenvolver as desigualdades
humanas os espíritas ensinam a reencarnação. Não sabem estes que não há dois seres,
duas coisas perfeitamente iguais na natureza e que nem no imenso espaço nem
tampouco ao longo do tempo podem ser encontradas? Não é precisamente na
diversidade que nasce a harmonia do universo? (“Le Livre des Espirits, Recueli de
Comunications Obenues par Divers Médiuns”, Paris, 1863 p. 21).
e) Regressão
de idade prova a reencarnação?
Absolutamente
não. Já se acha comprovado pela hipnologia: quando o hipnotizado é
reencarnacionista, revela reencarnação, entretanto quando não é, nega-a. De
forma que a regressão de idade para provar ou negar a palingenesia depende da
opinião do hipnotizado.
Experiências
Inversas – Podemos também fazer experiências de progressão de memória sugerindo
que o hipnotizado tenha envelhecido, situação irreal, que se comporta como
autêntico ancião. Conclui-se daí que em ambos os casos as situações são
puramente imaginárias, sugeridas tanto pelo consciente como pelo hipnotizado.
f) O
problema populacional:
Sabemos que
a população do mundo aumenta assustadoramente, ultrapassando hoje os seis
bilhões de habitantes. Sabemos também que há poucos anos eram três bilhões. No
Brasil, por exemplo, em 1935, havia mais ou menos 34 milhões de pessoas; em
2001 somos mais de 160 milhões. Portanto, se a pessoa morre e se reencarna, não
pode absolutamente aumentar a população. De onde, então, vêm tantos espíritos?
Allan Kardec ensina que o homem vem do macaco, evoluindo. Será por isso que os
macacos estão em extinção?
Extraído da
Editora ICP em 10/08/2013
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